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sábado, 28 de agosto de 2010

À Milene F. Carvalho.

A cada instante, cada dia tedioso,a cada notícia, boa ou ruim, a cada olhar e logo uma gargalhada sem motivo. A cada passo nesse shopping minúsculo, cada coisa fora do lugar, a cada briga, cada nova frase, nóis mora na mesma rua, ah, me esqueci, temporariamente não mais...mas relaxa, bem, porque Não amor, só tem vivo...A cada segredo bem guardado, cada ilusão engraçada, a cada sorriso bonito pra iludir, a cada pôr-do-sol visto da calçada, a cada lua vermelha vista numa noite sem estrelas, sem ser uma das estrelas... És parte do que me faz forte. Estou esperando um trem, mas tenho medo, pois não sei pra onde ele vai, e isso já não tem mais importância, independente do que vier, te levarei comigo, toujours.

Naliny - Layla

Lune

Posso ver.
Recreia muito longe,
mas ainda assim
meus olhos a alcançam.

Quando renega a escuridão e
aparece, mesmo que seja certo,
no subúrbio
não se ouve o uivar da alcatéia.

A Aurora leva o Sol,
e ela aparece,
para findar a infinita escuridão.

Ao trazer a luz,
traz também meu maior desejo,
que é vê-la refletida nos olhos teus.

Layla

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Infinito Particular

À procura de um lugar,
a frustração por não se encontrar.
Palavras e injúrias se desfalecem no ar.
A sensação de onda batendo no corpo.

A vida outra vez a lhe enganar.
Não se vê sua sombra e,
mesmo defronte ao espelho,
não enxerga seu próprio olhar.

Semeia a discórdia,
sem conseguir que ela cresça.
Suas orelhas avantajadas,

não conseguem me escutar.
De seu estado está incerta,
frustrada por não se encontrar.

Layla

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O Albatroz


Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam de um albatroz, imensa ave dos mares,
Que segue – companheiro indolente de viagem –
O navio a singrar por glaucos patamares.

E por sobre o convés, mal estendido apenas,
O imperador do azul, canhestro e envergonhado,
Asas que enchem de dó, grandes e de alvas penas,
Eis que deixa arrastar como remos ao lado.

Antes tão belo,
Como é feio na desgraça este viajante agora flácido e acanhado!
Um com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro a coxear, imita o enfermo outrora alado.

O Poeta é semelhante ao príncipe do céu
Que do arqueiro se ri e da seta no ar;
Exilado na terra e em meio do escarcéu,
As asas de gigante impedem-no de andar.

Charles Baudelaire

O que se esconde no escuro dos seus pés?

Te vejo errando,
seus passos arrastados.
O medo te invade
mas sem te ferir.
Seu medo fere aos outros,
isso é não saber errar.
Mais uma torção,
foi seu abanto mais uma vez...
Seus pés caminham onde não se pode andar,
eles vão querer um novo contato.
Não existe sorte.
E para sorte sua,
nem azar.
Onde você já passou,
seus pés não podem voltar.
De que adianta ter um bom figurino,
se o roteiro nada promete?
E quem irá abrir as cortinas?
Quando os olhos ardem,
não pisque tão lentamente,
seus pés podem se enganar...
Ouça o som do tambor,
eles te convidam a dançar,
cuidado, seus pés estão ocupados,
dançando e errando, você vai se atrapalhar.
Seus passos são lentos e avantajados,
desculpe, mas não posso te acompanhar.

Layla

domingo, 1 de agosto de 2010



Ao abrir a porta, sentiu o vento gelar seu rosto, levar seu passado, trazer seu futuro, como um pássaro que semeia o campo.
Mentiu àquele papel tão branco, tão sujo, tão amassado. Arrependeu-se, mas a coragem não voltou com sua palavra. Procurou esconderijo debaixo de suas cobertas, mas logo elas já estavam encharcadas, havia acabado o verão...Não esperou, o trem se foi naquela noite sem estrelas.

Layla